Estar-se a criar riqueza à margem dos moçambicanos dá o síndrome da Nigéria, em que eu vejo a minha terra ficar poluída pela indústria extractiva. Então, criam-se aqueles gangs que, raptando os trabalhadores estrangeiros das indústrias petrolíferas, beneficiam as populações. O que falamos quando abordamos a agricultura? Falamos da agricultura feita por empresas predominantemente moçambicanas ou pelas empresas estrangeiras sediadas em Moçambique? Aí podemos estar a falsificar. Nós temos que comer, a dívida da fome dá Tunísia dá motins em quase toda a parte do mundo. Alguém há-de pagar os 3.8 biliões de dólares à Rio Tinto. Eu creio que estamos no grupo dos que vão pagar. O que é que Inhambane e Moçambique ganham com o gás que sai de Inhambane”.
O PAÍS – 31.01.2011