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31 janeiro 2011

“Moçambique está no bom caminho” (Guebuza in Estado da Nação 2010) Governador do BM concorda com a perda de todos nós nos acordos que isentam os mega-projectos das obrigações fiscais e diz ser possível renegociar os mesmos. Sergio viera está decidido a monstrar que nós que nos beneficiamos dos investimentos não somos os verdadeiros beneficiários desta riqueza! porque “Estamos numa situação em que, de algum modo, nos encontramos marginalizados nas decisões que são tomadas"




Sergiovieira “Estamos numa situação em que, de algum modo, nos encontramos marginalizados nas decisões que são tomadas. Há dias, lemos que a Rio Tinto comprou por 3.8 biliões de dólares à Riversdale. Um organismo australiano pronunciou-se sobre esta transacção e nós moçambicanos, aqui onde está a reserva de carvão da Riversdale? Nós só lemos nos jornais. Nesta transacção, obviamente, porque se compraram acções, pagaram-se impostos lá (na Austrália) e aqui pagou-se um centavo de impostos? Quando a Rivesdale pagou 40%, anteriormente, à Tata pagou-se algum imposto a Moçambique? Entretanto, estas empresas contraem dívidas lá fora que, depois, vão ser pagas pelas nossas exportações. Algumas inquietações podem surgir por isso.
 
Estar-se a criar riqueza à margem dos moçambicanos dá o síndrome da Nigéria, em que eu vejo a minha terra ficar poluída pela indústria extractiva. Então, criam-se aqueles gangs que, raptando os trabalhadores estrangeiros das indústrias petrolíferas, beneficiam as populações. O que falamos quando abordamos a agricultura? Falamos da agricultura feita por empresas predominantemente moçambicanas ou pelas empresas estrangeiras sediadas em Moçambique? Aí podemos estar a falsificar. Nós temos que comer, a dívida da fome dá Tunísia dá motins em quase toda a parte do mundo. Alguém há-de pagar os 3.8 biliões de dólares à Rio Tinto. Eu creio que estamos no grupo dos que vão pagar. O que é que Inhambane e Moçambique ganham com o gás que sai de Inhambane”.

O PAÍS – 31.01.2011