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27 janeiro 2012

As alvíssaras da paz

Tenho estado a pensar sobre os últimos acontecimentos na nossa arena política. digo, os pronunciamentos do Dlakama onde diz: "Pretendo Realizar manifestações pacíficas (...) do rovuma ao Maputo (...) tenho sido escravisado pela FRELIMO (...) caso a FIR ou PRM intervir violentamente, a resposta será na mesma medida".

Ao nível social tenho acompanhado um programa da TMV "Homem que é Homem" um dos temas que me engraçou é sobre a “violência doméstica contra a mulher".

Então, nas minhas reflexões, logo veio-me na mente um dos 10 (dez) madamentos da Indira Gandhi, a primeira mulher a se tornar chefe do Governo na India nos anos 70, 80.

Dizia Gandhi no seu segundo mandamento " Tu tens o controle, ninguém pode fazer mal a você sem a sua permissão". Que penso que seja válido para ambos os casos, não obstante o nosso enfoque para hoje centrar-se ao caso Afonso Dlakama.


Será Dlakama um caudilho de guerra?

Os Moçambicanos querem a Paz, daí que as possíveis manifestações propaladas pelo líder da RENAMO "são vistos" como um prenúncio de uma instabilidade política, social e económica do país. A questão é, o que os moçambicanos fazem para perpetuarem a Paz? R- Manifestações apelando a paz!

O Jornalista Tomaz Viera Mário disse numa entrevista ao notícias que a manutenção da Paz está além das manifestações de apelo à paz ... mas sim a acções concretas que respondam as preocupações dos possíveis manifestantes.

Ora, algumas pessoas na esfera pública olham para o Dlakama como alguém que quer fazer aproveitamento político do Acordo Geral de Paz que no entender deles é extemporâneo por isso as possíveis manifestações não passam de uma pura ameaça. O ponto é, até quando este pronunciamento abafa as manifestações? que por sinal são um atentado à paz. Quanto a mim, nenhuma guerra é justa porque nada justifica a perda de vidas humanas nada justifica a violência mesmo porque a exclusão social é um facto em Moçambique, o clientelismo e a corrupção são uma verdade na função pública que até o presidente Guebuza não conseguiu combater, a FRELIMO e o Estado Moçambicano por razões históricas é difícil a distinção mesmo para o mais alto altruísta da paz.

O povo moçambicano é na sua maioria pueri ao ponto de ignorar que, as alvíssaras da paz dependem da nossa acção, no entanto que povo, até os benditos da pátria amada colocam em segundo (supostos defensores do seu próprio património) plano a questão da manutenção da paz sobre tudo quando o assunto toca o poder político e económico.

Isso não quer dizer que os moçambicanos que não vê o benefício das manifestações deviam intervir junto do Dlakama ném os possíveis manifestantes junto do governo “injusto”, mas sim, cada um com o seu inter-locutor. É que o governo é de todos, incluindo os excluidos! Por isso, é dele que temos que exigir que faça algo para continuarmos em paz.

É que em mim, as consequências da guerra dos 16 anos são da responsabilidade partilhada entre os beligerantes, tanto que se o povo moçambicano tivesse que exigir indimnização ambos seriam responsabilizados, visto que as suas acções para por fim a guerra durante esse tempo todo, foram igoístas e autistas! O povo ganha por tabela.


E a FRELIMO, é hipócrita?

A Gandhi no seu quarto mandamento lembra o papel da acção para o alcance de certo objectivo,“Sem acção não vais a nenhuma parte - Um pouco de acção vale mais que várias toneladas de discurso". O governo que é de todos, é da FRELIMO, mas quem sabe o que faz como acção para garantir a manutenção da Paz?

Promove manifestações pela paz, através de organismos da sociedade civil e da administração pública; diz-se que já esteve através de uma comissão bi-partido onde a RENAMO sentiu-se marginalizado por causa do “ni” da FRELIMO. O Presidente da República e do partido pela primeira vez em quase dois mandatos encontrou-se com o líder da RENAMO em Nampula. Será desta vez que deixaremos de viver com medo de retorno aguerra? (não que alguém tenha dito que retornaria a Guerra).

A FRELIMO pode não ser através do seu presidente, tem a responsabilidade e dever de manter o país em paz por via do diálogo, tolerância e cedência sem no entanto, disrespeitar a Constituição da República. Porque de facto, eu que pouco me beneficio da possível exclusão social, das possíveis células do partido na administração pública e da separação do partido com o Estado, custa-me compreender a razão da sua manutenção se isso nos põe desavidos, ao ponto de pensarmos até em manifestações!

O governo tem a responsabilidade de desarmar a RENAMO, porque isso é defacto incostitucional, a existência de uma força política com plenos poderes que um Estado é um claro atentado à soberania do estado macro, neste caso Moçambique. E acima de tudo, a responsabilidade de dizer ao povo sobre a dificuldade com que depara para que de facto a paz seja efectiva.

Não vale intreter o povo quando estamos a deixar crescer a daninha no nosso Éden. A justiça, a liberdade, a paz e a segurança constituem uma utopia quando as oportunidade e recursos de que o país dispõe são um pretesto para a exclusão da maioria. Se não, a igualdade seja chamada do lado negativo, obviamente porque a falta de intendimento de um povo faz com que a maioria (os excluidos) chame os bendintos ao seu mundo para ver se a eucarestia não tem mesmo sentido para todos.

 Pensa Comigo