Páginas

10 janeiro 2011

Referendo no Sudão em entrevista na TVM


Alguém prestou atenção na entrevista dada pela TVM aos académicos Dr. Luís Covane, ex- Ministro da educação e ex-porta voz do primeiro Governo de Armando Emílio Guebuza e o conhecido investigador, Dr. António Gaspar, ontem domingo, dia 09 de Janeiro de 2011, sobre o caso Referendo no Sudão ?

Luís Covane frisou o facto de este ser uma lição para os governos africanos, que precisão de fortificarem a democracia, unidade nacional e políticas inclusivas de administração pública do ponto de vista regional e sócio-político (igualdade na diversidade rematou Covane).

O Dr. António Gaspar, questionado sobre a possível abertura de um precedente para os outros estados africanos e alterando o convencionado na Conferência de Berlim em 1884-1885 (delimitação das Fronteiras)? Este que é bem conhecido pelo menos eu o considero extremamente parcial nas sua análises embora isso não venha ao caso neste momento, ele acha que o povo sudanês está no bom caminho caso vote no sim, pós conhece-se estados que vivem em autonomias regionais e estão bem em todas as vertentes e acrescentou dando exemplo de Portugal que tem as regiões da Madeira e Açores.

Notas Reflexivas: O que acha da posição do  Dr. Luís Covane? Parece que durante 5 anos viveu atado sem poder opinar livremente!!!

V. Dias, Reflectindo, Mano Ináncio Chire, Egídio Vaz se puder, e outros... gostaria de ouvir vossa opinião sobre este caso Sudão.

Não receiam que o sonho de um dia vermos a África unida volte a traz ao promovermos estas atitudes do Sudão? Lembram-se que em Moçambique chegou-se a pronunciar-se a palavra "divisão"? Até quando isso é bom? Que consequências políticas, económicas e sociais isso poderá trazer ao Sudão e a África em geral?

12 comentários:

Anônimo disse...

Chacate,

daqui a pouco vou colocar minha opiniao.

Obrigadao pelo convite...

Aguarde minha opiniao

E parabens por levantares o assunto. Acho q e um assunto que merece atencao.

Inacio Chire

Unknown disse...

Aguardo. Abrcs

V. Dias disse...

Penso que a pessoa indicada para dar possíveis achegas, actualizadas, são os meus pares.

Pessoalmente tenho muita dificuldade em opinar sobre o Sudão porque, perdoe-me à fuga, há muita pouca literatura, em português, sobre o conflito no Sudão.

Além de mais, tudo o que sabemos sobre o Sudão (falo mesmo por mim) são dados fornecidos pelos políticos e não pelos académicos desapaixonado pela causa sudanesa.

Contudo, a partir da opinião de Noa e demais convidados talvez possa, eventualmente, rematar o meu ponto de vista seguindo o raciocínio deles.

Zicomo

Reflectindo disse...

Meu irmão Chacate,

Essa entrevista infelizmente escapou-me, ainda bem que eu posso deliciar aqui o seu resumo. Questionei quando no O País, ver aqui li que a independência do Sul do Sudão viola fronteiras coloniais e que era um precedente. Primeiro, preocupa-me que sejam analistas de países que se beneficiaram da partilha da África e da forma como havia sido feita. E os nossos analistas? Portanto, é muito bom ouvir as vozes de Covane e Gaspar.
Não ponho em causa a análise dos franceses, mas apenas penso que há que dizer do porque a conferência de Berlim dividiu África como fez e porque se defendeu que as fronteiras deviam estritamente manter-se depois das independências. Não é uma pergunta que sei responder, mas seria bom que alguém a explicasse mesmo que fosse em forma de debate.
Como sabes Chacate, em discussões defendo uma política da unidade nacional a qual nos pode levar além do discurso, para além do chavão, como dizia Egídio Vaz. Aí Luís Covane está falando dessa política da unidade nacional, política de integração regional e mesmo étnica. É interessante que quem foi governante sabe exactamente o que precisamos e não aquelas tochas da chama de unidade. O grande problema nosso em Moçambique e quiça em África, é não pudermos dizer as coisas em momentos e espaços propriamente úteis. Porquê?
A afirmação de António Gaspar é uma alternativa, sobretudo, para países que já estão em situação de conflito regional, por exemplo Angola em relação Cabinda. Mas também não é preciso esperar-se por conflito armado para se entender que um país pode constituir-se em estados autónomos ou semi-autónomos se isso for útil para os povos. Contudo, em muitos casos africanos basta com o que Luís Covane disse: forticação da democracia, políticas inclusivas de administração pública do ponto de vista regional e sócio-político.

Reflectindo disse...

A propósito, África vai se unir em quê? Em torno de Mammar Kaddafi que ambiciona ser Rei de África? Cumprindo o sonho de Kwame Nkrumah? Eu nunca entendi de como é que muitos pensam que o sonho de Nkrumah era de um profeta para toda África. Acho que ele sonhava como qualquer um de nós e naquela altura em que África toda estava sob colonizacão europeia, era óbvio que ele pensasse na unidade de todos africanos para a libertacão de África. Isso era muito necessário. Entretanto depois das independências esse sonho de unir África sob um governo é utopia. O caso Cabo Verde e Guiné Bissau sob PAIGC e o defraudado sonho de Amílcar Cabral podia ser uma licão suficiente. Acho que estamos bem como estamos e que deviamos procurar nos empenhar mais nas políticas de unidade nacional e fortalecer as organizacões regionais como SADC, CEDEAO e não menos o Comércio regional...

Unknown disse...

Reflectindo,

Acha que qualquer ideia que venha da Europa sobre as divisões fronteiriças da mãe África podem ser no cumprimento da agenda euro centrista e ou colonial?

”Porque não podemos dizer as coisas úteis e certas no momento certo?”

Legítima preocupação Brother. Porém, a resposta que vai encontrar é das disciplinas partidárias!!! L. Covane passou 5 anos quase que atado psicologicamente não obstante os benesses financeiro e ou económicos que pode tirar dos cargos políticos. Temos correr ao nível de poder pronunciar o nosso próprio erro e corrigi-lo, pós, aí poderemos respeitar a igualdade na diversidade.

Reflectindo,
Contesta o recurso a `a força bélica para a resolução das diferenças em África.
Veja que eu nunca escondi a minha cor partidária. Porém, mesmo em Moçambique acho que ainda há muito excessos no uso da força bélica para resolução das diferenças tanto políticas como armadas! Só falta resposta do lado oposto... Há um mito segundo a qual em todo o mundo é assim!!!

Unknown disse...

Reflectindo irmão,

«África é “berço” e futuro da Humanidade»

A união africana deve ser um projecto a longo prazo à medida desta afirmação. Eu vejo as coisas nesse angulo.

Anônimo disse...

Estimado Chacate,

Desculpe a invasão, mas gostaria de perguntar-lhe qual seria a sua disponibilidade ou interesse em participar ou ceder artigos para um Jornal de Opinião Lusófono?
Deixo-lhe o nosso contacto em caso de interesse: pl.equipa@gmail.com
Atentamente,
Miguel.

Reflectindo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Reflectindo disse...

Chacate,

1. Não vejo e nunca vi que qualquer ideia vindo da Europa ou de europeu é eurocentrica. Sobre questões africanas, um analista europeu pode estar certo ou errado como um africano o pode. A questão é estar-se amarrado em alguma coisa, por exemplo que considerar-se que a separação ou criação de novas fronteiras nacionais em África é violacão à declaracão de Berlim ou como o nosso próprio irmão Luís Covane quando antes não podia dar essas boas sugestões que ele tem. Ou mesmo pensar-se que cada africano agora quererá pegar a sua aldeia para proclamá-la uma república. Os problemas dos conflitos não apenas pela ganância do poder, das assimetrias económicas, sociais e políticas. Por outro lado, acho ser o nosso dever exigirmos que os nossos académicos se libertem. Eles não podem deixar que alguém fale em sua representação. Os nossos académicos sabem que por exemplo, em Moçambique, mais que 50 % dos seus habitantes ainda não se comunicam entre eles por não falarem a mesma língua. Isso é a consequência da Conferência de Berlim, ademais nem no tempo colonial nem no pós-independências em África, o problema foi corrigido. E para ligar às pretensões sobre “Reino Kaddafi”, pior ainda será. Num mesmo estado com mais de 2000 línguas diferentes? Ou ainda pretende-se matar esse património mundial – línguas africanas?

2. Continuo dizendo que nunca entendi do porquê se gasta tanto tempo e dinheiro para alegrar Kaddafi, ademais a querer fazer coisas que só se fizeram no feudalismo. Agora não se pode avançar em processos de Estados Unidos de África sem consulta aos africanos. É momento para prática de princípios democráticos. Infelizmente Kaddafi não democrático. Conheço alguns líbios que fugiram dele. Vejam meus caros como os europeus reagem sobre a União Europeia. Praticamente, ninguém quer sacrificar o seu país para UE ser um único estado.

3. Contesto de facto o uso de força bélica para resolver as diferença. Guerras considero uma última alternativa. De facto, em Moçambique uma única parte monopolizou o uso de força bélica para resolver até pequenas diferenças. Dizem sim que em todo o mundo, o uso da força é o monopólio do Estado, mas também quando o lado oposto fica saturado, é como experimentamos nós todos. Também tomando exemplo ao que está acontecer na Côte d’Ivoire, e não só, posso estar errado nas alternativas que penso serem para evitar conflitos armados em África. O que me alegra é que Luís Covane sabe das alternativas.

4. Apenas para dizer o que acompanhei hoje em entrevistas na televisão sueca. Afinal muitos sudaneses do norte, de origem árabe, sobretudo mulheres, não votariam (se tivessem o direito) à separação, por uma razão: têm medo que uma vez o Sudão separado, no norte se introduza “SHARIA”. Se o resultado for sim à separação, haverá muita emigração do norte do Sudão?

Unknown disse...

Reflectindo,

Vou me concentrar no seu número 2 do último comentário.

O meu comentário em relação a ideia de União Africana, tem em vista mostrar a razão que no nosso entender não é menos forte.

Veja, “o sonho de Nkrumah era de um profeta para toda África. Acho que ele sonhava como qualquer um de nós e naquela altura em que África toda estava sob colonização europeia, era óbvio que ele pensasse na unidade de todos africanos para a libertação de África”

(In)felizmente, em nós a integridade territorial, a soberania e a liberdade total dos africanos continua a nossa maior utopia porque o que nos levou à colonização ainda esta por se descobrir ou está em descoberta.

Reflectindo pensa que é vida o que a Ásia está a passar? Basta a existência de Petróleo e outros minerais para se exterminar um certo povo?

Portanto, a unificação da África seria na perseguição deste objectivo não necessariamente para fortificar o absolutismo dos seus dirigentes.

Concordo que a avançarmos para essa ideia há que explicar as populações e estas emitirem a vontade deles.

“Não há razões para recuar nossas acções para o feudalismo”. Só se as organizações internacionais fundadas nessa época, suas convenções e tratados, armadilhadas não dessem benefício aos seus mentores.

“Sharia”. “Igualdade na diferença”.
Há problemas locais que no nosso entender a África através das suas organizações regionais pode encontrar solução

Pensa comigo

Unknown disse...

Também sou de opinião que África é dos africanos não dos seus lideres de armas em punho prontos para nengar a legitimidade do outro, a desvalorização da sua opinião a ponto de não se permitir sequer o seu proferimento; pronto a eliminar os espaços públicos de interação!

Seria razuável que a relação entre a democracia ( no seu verdadeiro sentido praxis) e a sustentabilidade orientasse os nossos comportamentos (africanos) na vida pública.

Pelo que nem Khadaffi muito menos Kwame Nkrumah, fariam isso sem pelomenos respeitar as regras inclusivas da vida pública.

Reflectindo,

Infelizmente muitos autocráticos são cépticos a esta ideia! vi Marcelino dos Santos tambem a bater o Pé no chão receiando a perca de puder... Creio que a ideia da UA não deve ser essa...