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23 junho 2011

Hoje tive uma descoberta que pretendo partilhar com os meus.

Vejam: Eu Nasci em Khambane Província de Gaza, Distrito de Mandlakaze, localidade de Matchekahomo actual posto administrativo de Chalala.

Durante a minha infância, que não foi em nada diferente de qualquer outra criança cujo o pai era trabalhador das minas da RSA, a mãe prefiro chamar camponesa para não chamar doméstica. acompanhava alguns ditos soltos, por velhotes da zona, machambeiros, bebedores de aguardente de primeira gota na ferimentação caseira de cajú, que ficaram indeleveis na minha memória.

Para aqueles que crescenram comigo posso recordar-lhes alguns nomes: Xikhuzane, Zanyane, Makhelene, Xithandane, Xilukamane, Madala Quetlane, Mazwane Mandlate, Ndambini, Massumblane, Paulo wa ka Rosalina, Zabilina, Crestina Matsinhe, ti Virgílio, Manuessane, Makeni, Ndzukule, Bazílio, Hofiswane, Nyeketa, Xiloketane (este era o mais velho de todos), Mhakene Bila, Xingongwane Mondlane, Magulane etc...
Pessoal estes velhotes suportaram a minha infância em termos magisterial. Na quele meio dos adultos em que por vezes nos metiamos com devido estatus e acções conforme mandam as lei, ouviamos palavras do tipo "Unga ndzi xatiar mina!... Ndza tiva ndzo kala ndzinga bali" (traduzido para português quer dizer não me chateia!... tenho juizo apesar de não ler nem escrever).

Lembram que anunciei uma descoberta. Então, o ponto é: em homenagem o escritor português José Saramago (1922-2010) in Expresso, consta que só o Vaticano é que não reconhece a enorme significância e honestidade do antes anunciado escritor! Tenha paciência de acompanhar-me porque ainda não revelei a descoberta, vejam que, no meio da leitura que ia fazendo também deparei com uma passagem citando o discurso do Prémio Nober da literatura assim "O hemem mais sábio que conheci não sabia ler nem escrever".

Sabem? confesso que só apartir daí, passei a ver e valorizar o que diziam os velhos da minha terra, não só por eles conscidirem com os ditos dum grande escritor mas pela verdade e ensinamento que os mesmos transportam. não só, é que muito que já lí sobre a necessidade da oralidade no desenvolvimento humano quase tudo mesmo traz justificações obvias! o que cansa a mente.

Há que valorizar a oralidade.

Pensa comigo

3 comentários:

Samuel Chacate disse...

DESCOBERTA!

Olha esta tua descoberta me lembra a conversa que travei com os velhotes neste ultimo episodio de falecimento do Mano Paulo: conversei com os velhotes Matchapuyane, Dzunkula, Mariamo, Vovo Alice, Somuzaya, Cuhado Cipriano, Daniçane, Ndlozi, Ketcane, Mussane etc.
O Matchapuyane é quem recebeu de mim a pergunta seguinte: Se vocês são os que criaram a FRELIMO, o teu primo Chivambo é quem voltou de EUA com ares de unidade nacional e criou a FRELIMO, como é que você se revolta contra a FRELIMO?

O cota não me dificultou, a razão da revolta: meu filho! Quando a Eduardo veio da América viemos fazer uma missa tradicional e rezamos aos defuntos para nos abençoar e lutarmos contra os colonialistas.
Só que Chivambo morreu antes da independência, e os que trouxeram a independência nos sacrificaram em algum momento. Como assim? Perguntei o cota Matchapuyane, ele: até 1974 eu na qualidade de assimilado fiz os meus projectos, contado com a minha reforma. Construí casas de Um quarto e sala, um quarto e sala para serviços de aluguer no Maputo, só que uma vez alcançada a independência a FRELIMO me arrancou com a sua politica de nacionalização e eu já não tenho forças para criar novos projectos e o Chivambo mataram a quem posso recorrer?
Só para ver que “ A TIKO LELY LI FELIWE HI HOSI MATCEKAHOMO É O ÚLTIMO A TUDO” energia passa daqui para chalala e Bonkodane disse vovô Mariamo esposa do antigo chefe das terras Xihangalassa.

Na verdade os velhotes são sábios a penas não lêem nem escrevem.

Unknown disse...

Brother, é mesmo preocupante essa de MATCEKAHOMO ser o último em tudo! Eu diria Mandlakaze em si!!! vejo que perdi muito... mas oportunidades não vão faltar, esses velhotes são uma escola embora eles em algum momento denunciam um sentimento de revoltados! algo deve ser feito para reverter o cenário.

Unknown disse...

OS velhos sâo uma biblioteca viva i, ambulante.