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06 julho 2012

Socorro, Moçambique pode ficar rico!


É título da última colaboração do Prof. Elísio Macamo publicado no Jornal Notícias dos dias 3 e 4 de Julho deste ano.
Elísio Macamo faz uma análise descritiva das tendências analíticas e críticas na nossa esfera pública em relação ao advento das mais recentes descobertas dos hidrocarbonetos e minerais em Moçambique.
O reputado Sociólogo, moçambicano na diáspora considera estranho que a descoberta de “riqueza” não constitua necessariamente boa notícia para muitos de nós, mas apenas mais uma razão para franzirmos o sobrolho e destacarmos as qualidades mais negativas que podemos identificar no nosso tecido social e político. Diz sermos um país deveras estranho
No entanto, ele entende que esta forma de ver e analisar as políticas de desenvolvimento pode ser proporcionais ao que tem vindo a acontecer pelo menos em África, trazendo exemplo de Angola, RDC e Nigéria onde o povo é refém de elites políticas rapinosas cuja a necessidade de manutenção do poder a todo o custo acabou criando ordens políticas instáveis e explosivas.
Para ele não é correcto ver as coisas desta forma, porque deveríamos reconhecer que ninguém é perfeito e reconhecer a imperfeição natural das pessoas não significa aceitar a inevitabilidade da ganância, corrupção, desonestidade e oportunismo. Mas é que só assim poderemos alterar os termos de abordagem do futuro do país. Assim podemos efetivamente pensar sobre o tipo de coisas que precisamos de fazer para no mínimo, limitar as consequências dessa imperfeição e no melhor dos casos tirar proveito dela para o número cada vez maior de pessoas.

Reflexão da reflexão

O momento é para tecer algumas considerações. Gosto muito pessoalmente de ler este Sociólogo, primeiro pelo seu jeito de tratar as coisas na brincadeira, Segundo, porque dificilmente encontras a sua posição real.
Quer dizer, a não localização da posição real nas análises dificulta em alta a compreensão do que efetivamente se pretende. Ora, vejamos, Elísio Macamo reconhece muitos exemplos em que os recursos naturais colocados ao serviço do desenvolvimento originaram conflitos; reconhece também o carácter natural da Humanidade em querer ter um fim bem perfumado em todos os seus projectos sócio-políticos, Segundo ele, “pode até que tenha raízes religiosas”.nós também julgamos que sim, sobre tudo os apelos a paciência, à mais uma chance e à compreensão porque se não vejamos.
De todos os exemplos de perdão o mais admirável de todos os tempos é do Jesus Cristo que tendo em conta a sua obra, tinha toda a capacidade para evitar a sua morte e todo o sofrimento que ninguém ignora mas no fim pediu perdão pelos seus assassinos! Será esta conquista que o Prof. sugere ao povo moçambicano e seus críticos?
O que é que significa “imaginar a vida como solução constante e repetida de pequenos erros e desvios de curso”? Estará o professor a sugerir que os moçambicanos ignorem os desconhecidos motivos que levaram os decisores deste país a permitirem que o Gás de Temane seja exportado em bruto para RSA?
Mesmo depois de na indústria de Caju este método ter mostrado uma experiência amarga! O Prof. conhece a Mozal, certamente tem acompanhado a sua actividade, quantas outras pequenas indústrias transformam o alumínio em producto efetivamente útil em Moçambique? Quer productos ou derivados de alumínio? Vai a Nelsprit na RSA!






Quando nos saímos mal dizemos que é porque a política é péssima.”
Esta afirmação é do autor em análise, lembra-se quando acima disse que gostava deste autor? Aqui está o prazer de ler e estudar Elísio Macamo. Se “A política é o processo através do qual tentamos lidar com os acidentes que povoam a nossa existência”, a afirmação acima é marginal porque este conceito é óbvio!
O que significa substancialmente “pensar seriamente nos desafios que cada uma das decisões que tomamos hoje nos coloca hoje e amanhã”? em nosso intender não tem nada a ver com o ignorar a ganância, a corrupção e a desonestidade como afirma o Prof.
Mas sim, em reconhecer que os diferentes intervenientes podem ter opiniões úteis neste processo e que os governantes não o são por serem génios se não escolhidos e como dizia o Paulo Samuelson “Não há países pobres e ricos mas sim, países bem e mal administrados” se espera o melhor deles. Portanto, o que a política tem a fazer é mostrar que as inquietações do povo não tem razão ser com factos.
O Presidente Guebuza agora está empenhado em reflorestar o país, exatamente por que está a perceber que o país está depenado mas o balanço do desflorestamento dá um prejuízo enorme! Porquê o povo seria pacífico a isto? Para além das experiências africanas que o Prof. traz, na Europa a passagem do estágio feudal em que se encontrava só foi possível com a acção organizada e enérgica do seu povo nos finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX.
Portanto, em nosso entender, a assunção da imperfeição Humana pressupõe o que Karl Marx considerou “dever político” que significa a procura imparável de elementos de ligação entre a teoria e a prática. Ora, isto por sua vez obriga o povo a chamar-se responsabilidade de pôr em prática as ideias sobre uma sociedade livre da pobreza o que de forma alguma abre espaço para a ignorância de uma análise FOFA. A Sociedade Civil Moçambicana está de parabéns. Aliás o Prof. questionava se ainda existia o deixa-andar não é? Infelizmente sim, é verdade não na mesma proporcionalidade se calhar.
Pensa comigo.

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