É título da última colaboração
do Prof. Elísio Macamo publicado no Jornal Notícias dos dias 3 e 4 de Julho
deste ano.
Elísio Macamo faz uma análise
descritiva das tendências analíticas e críticas na nossa esfera pública em
relação ao advento das mais recentes descobertas dos hidrocarbonetos e minerais
em Moçambique.
O reputado Sociólogo,
moçambicano na diáspora considera estranho que a descoberta de “riqueza” não
constitua necessariamente boa notícia para muitos de nós, mas apenas mais uma
razão para franzirmos o sobrolho e destacarmos as qualidades mais negativas que
podemos identificar no nosso tecido social e político. Diz sermos um país
deveras estranho
No entanto, ele entende que esta
forma de ver e analisar as políticas de desenvolvimento pode ser proporcionais
ao que tem vindo a acontecer pelo menos em África, trazendo exemplo de Angola,
RDC e Nigéria onde o povo é refém de elites políticas rapinosas cuja a
necessidade de manutenção do poder a todo o custo acabou criando ordens
políticas instáveis e explosivas.
Para ele não é correcto ver as
coisas desta forma, porque deveríamos reconhecer que ninguém é perfeito e
reconhecer a imperfeição natural das pessoas não significa aceitar a
inevitabilidade da ganância, corrupção, desonestidade e oportunismo. Mas é que
só assim poderemos alterar os termos de abordagem do futuro do país. Assim
podemos efetivamente pensar sobre o tipo de coisas que precisamos de fazer para
no mínimo, limitar as consequências dessa imperfeição e no melhor dos casos
tirar proveito dela para o número cada vez maior de pessoas.
Reflexão da reflexão
O momento é para tecer algumas
considerações. Gosto muito pessoalmente de ler este Sociólogo, primeiro pelo
seu jeito de tratar as coisas na brincadeira, Segundo, porque dificilmente
encontras a sua posição real.
Quer dizer, a não localização da
posição real nas análises dificulta em alta a compreensão do que efetivamente
se pretende. Ora, vejamos, Elísio Macamo reconhece muitos exemplos em que os
recursos naturais colocados ao serviço do desenvolvimento originaram conflitos;
reconhece também o carácter natural da Humanidade em querer ter um fim bem
perfumado em todos os seus projectos sócio-políticos, Segundo ele, “pode até
que tenha raízes religiosas”.nós também julgamos que sim, sobre tudo os
apelos a paciência, à mais uma chance e à compreensão porque se não vejamos.
De todos os exemplos de perdão o
mais admirável de todos os tempos é do Jesus Cristo que tendo em conta a sua
obra, tinha toda a capacidade para evitar a sua morte e todo o sofrimento que
ninguém ignora mas no fim pediu perdão pelos seus assassinos! Será esta
conquista que o Prof. sugere ao povo moçambicano e seus críticos?
O que é que significa “imaginar
a vida como solução constante e repetida de pequenos erros e desvios de curso”?
Estará o professor a sugerir que os moçambicanos ignorem os desconhecidos
motivos que levaram os decisores deste país a permitirem que o Gás de Temane
seja exportado em bruto para RSA?
Mesmo depois de na indústria de
Caju este método ter mostrado uma experiência amarga! O Prof. conhece a Mozal,
certamente tem acompanhado a sua actividade, quantas outras pequenas indústrias
transformam o alumínio em producto efetivamente útil em Moçambique? Quer
productos ou derivados de alumínio? Vai a Nelsprit na RSA!
“Quando nos saímos mal
dizemos que é porque a política é péssima.”
Esta afirmação é do autor em
análise, lembra-se quando acima disse que gostava deste autor? Aqui está o
prazer de ler e estudar Elísio Macamo. Se “A política é o processo através do
qual tentamos lidar com os acidentes que povoam a nossa existência”, a
afirmação acima é marginal porque este conceito é óbvio!
O que significa substancialmente
“pensar seriamente nos desafios que cada uma das decisões que tomamos hoje
nos coloca hoje e amanhã”? em nosso intender não tem nada a ver com o
ignorar a ganância, a corrupção e a desonestidade como afirma o Prof.
Mas sim, em reconhecer que os
diferentes intervenientes podem ter opiniões úteis neste processo e que os
governantes não o são por serem génios se não escolhidos e como dizia o Paulo
Samuelson “Não há países pobres e ricos mas sim, países bem e mal
administrados” se espera o melhor deles. Portanto, o que a política tem a
fazer é mostrar que as inquietações do povo não tem razão ser com factos.
O Presidente Guebuza agora está
empenhado em reflorestar o país, exatamente por que está a perceber que o país
está depenado mas o balanço do desflorestamento dá um prejuízo enorme! Porquê o
povo seria pacífico a isto? Para além das experiências africanas que o Prof.
traz, na Europa a passagem do estágio feudal em que se encontrava só foi
possível com a acção organizada e enérgica do seu povo nos finais do séc. XVIII
e princípios do séc. XIX.
Portanto, em nosso entender, a
assunção da imperfeição Humana pressupõe o que Karl Marx considerou “dever
político” que significa a procura imparável de elementos de ligação entre a
teoria e a prática. Ora, isto por sua vez obriga o povo a chamar-se
responsabilidade de pôr em prática as ideias sobre uma sociedade livre da
pobreza o que de forma alguma abre espaço para a ignorância de uma análise
FOFA. A Sociedade Civil Moçambicana está de parabéns. Aliás o Prof. questionava
se ainda existia o deixa-andar não é? Infelizmente sim, é verdade não na mesma
proporcionalidade se calhar.
Pensa comigo.
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