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22 setembro 2008

Saber Estar?

"O mundo actual é muitas vezes um mundo de violência (...) Poderemos conceber uma educação capaz de evitar os conflitos, ou de os resolver de maneira pacífica, desenvolvendo o conhecimento dos outros, das suas culturas, da sua espiritualidade" (UNESCO 1996:83)

No final de semana ia à Laulane, no entanto, deveria apanhar um "Chapa 5" que ia à Hulene por razões que todos sabemos e o leitor já deve imaginar como é que o tal transporte estava entermos de lotação!

Não é que uma rapariga dos seus provável 12-13 anitos por força da inércia soqueia-me as costelas, logicamente! reclamei - olha,  sou pessoa amenina falhou a cadeira que serviria-lha de apoio por azar veio apanhar a mim.

Alías, a menina vinha acompanhada de um senhor de uma idade mais ou menos 45-50 anos e uma outra menina da mesma idade.

Depois da quela minha reclamação eu estou a espera de um pedido de desculpa então! onde recebo uma explicação segundo a qual o carro está cheio portanto há razão de ela estar a soqueiar toda gente no famoso chapa.

E eu, que continuo a achar que não obstante estarmos na quele local e na quelas circunstâncias o normal é pedir desculpas caso pise o dedinho de alguem! a menina toda arogante e mais tarde com o apoio do titio foram subindo e descendo sobre mim...

Só quiz aproveitar este episódio para esclarecer o "saber Estar". temos acompanhado que quando alguém se comporta de certa maneira as pessoas dizem parece de Hulene ou de Mafala mesmo Chamanculo. o que é que significa isto? é que as pessoas por exemplo de Fomento na Matola tem um comportamento padrão idem da Coop e por aí fora.

Para ser honesto, quando o senhor quarentão interviu em defeza da menina eu calei e acho que ele deve ter ficado com imprensão de superioridade mas na verdade ocorreu me a ideia de que, me encontrava num chapa que ia à Hulele portanto deve ser o padrão comportamental (cultural) das pessoas da quela zona. Sem querer ferir sencibilidades, é que nos chapas é frequente ouvir respostas a uma reclamação do tipo: "se não queres ser tocado compra o seu carro"  e eu me pergunto afinal o que é saber estar?

Será que saber estar é nos calejarmos (nos adaptarmos à ela) à violência? como muitos interpretam! porque no meu entender o facto de estarmos numa multidão não nos dá direito à agredir de quelquer forma aos outros sobre pretesto de estar no chapa ou uma outra razão, na verdade saber estar devia ser saber que estamos numa circunstância de vulnerabilidade e por isso temos que ser ponderados e num outro lado sabermos que involuntariamente podemos ofender os outros temos que estar à altura de pedir perdão aos outros não como sinónimo de inferioridade mas saber estar.

Pense comigo

 

9 comentários:

Jorge Saiete disse...

meu caro, essa coisa de saber estar é complicada. E depende do sistema de valores que cada um incorporou. é um facto que existe um ponto de equilíbrio que é considerado idealmente razoavel para todos.

As várias crises sociais que o páis está conhecendo, a maldita globalização cultural e social, tem contribuido para a corosão daquilo que seria um comportamente ideial de um moçambicano.

Agora, essa de Hulene e Mafalala não passa de tatuagens e esteriotipos criados em nossa mente. abraço

Unknown disse...

Muito bem Mestre!

Mas somos unánimes que quando estamos num local e em circunstâncias de aglomerados de gente o ideial é ser ponderado e saber reconhecer, não é verdade?

O que me aparvalha é que a Humanidade (indesejada claro) julga que a circunstância lhe dá direito à andar por cima dos outros sem se desculpar! e diz, "se não quer ser tocada compra seu carro ou aluga taxi"! será assim mesmo o saber estar?

Quanto a essa de Hulene ou Mafalala, poço também concordar com JS. no entanto há vezes que agente diz vais a zona militar? então tenha cuidado porque é caracterizada por drogados é por aí e, por vezes é a característica da quela população ou comunidade não é verdade?

Agora, o ponto de equilíbrio só é possível com um sistema de ensino veradeiramente comprometido numa mudança social.

Veja que são meninas de 12-13 anitos e o pai que faz parte dos actores de educação ao envez de lutar por inculcar esses valores está preocupado em mostrar a sua grandeza e cobrar ponderação sem antes dar o reconhecimento do erro apesar das circunstâncias. É inquietante mesmo.

Ximbitane disse...

Que saber estar qual carapuça! Maclcriadez isso sim. Lamento a falta de tempo, mas voltarei com mais sumo nesse assunto

Compra teu carro? Façam-me o favor!!!

Reflectindo disse...

"o ponto de equilíbrio só é possível com um sistema de ensino veradeiramente comprometido numa mudança social".

Isto aqui é muitíssimo importante. Temos que insistir a coloborar para o conteúdo dos programas do nosso ensino. Acho que países como uma densidade populacional mas ainda há respeito pelo próximo.

Unknown disse...

É isso Ximbita!

Há estudos que mostram a eficiência da Mulher no processo de socialização e ensino básico.

Se não te importas, preste atenção nas respostas que se dão aos que reclamam um aperto no Chapa, as respostas são desse tipo Diva!
abraço

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Concordo JS.

A questão de valores é mesmo preocupante no nosso sistema de ensino.

Há um outro exemplo que posso deixar com avossa permissão, tenho acompanhado situações em que um Paí ou Mãe entra no Chapa com uma criança vaomo lá de 7 a 13 anitos.

E com unhas e garas os mesmos defendem que não pode ceder banco a um adulto porque também vai pagar e eu pergunto será o tal mal do capitalismo?

Agora, com ensino direccionado á produção de bens os valores estam cada vez mais se distânciando. acho que afamília deve se reconstituir nesta esfera. muito obrigado mano.

Ximbitane disse...

Chacate, os valores que queremos nos nossos filhos não devem ser diferentes em casa e na rua. Como um pai ousa defender tamanha falta de educaçao? Por certo em casa as coisas também são assim.

Já me ocorreu algumas vezes, estando fora de casa, as pessoas me repreenderem porque chamo atenção de atitudes negativas dos meus filhos. A minha resposta é sempre a mesma: se em casa chamo atenção também o posso e devo fazer na rua senão não haverá quem o segure.

Chamar atenção não é violentar, é educar. Se fosse comigo, eu exigiria que essa fedelha pedisse as devidas desculpas diante de todos.

Outro exemplo que ja vivi, sobre essa questao de "compra o teu carro". Por acaso até trazia um carro mas como é muito dificil estacionar na baixa e precisava ir urgentemente a 24 de Julho e voltar, meti-me num chapa.

Alguém veio para mim com esse comentario e nao respondi. Pouco tempo depois, fui buscar o carro e a mesma pessoa estava na terminal de chapa. Parei e disse " quer uma carona no meu carro"? E fez-se de desentendido!

Unknown disse...

Enfim, Ximbita!

Esse é que é o nosso dia a dia no grande Maputo e com o custo de vida as poupança incluem por vezes ter que deixar o calhambeque em casa e se "enfiar" no transporte público.

Abraços