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15 novembro 2010

Tribunal Provincial de Sofala de novo contra Município da Beira

Caso da execução de 14 imóveis a favor do partido Frelimo

Daviz Simango diz que há mão da Frelimo no Tribunal

Da última vez que o tribunal tentou arrestar os edifícios do Município que estão no centro do litígio com a Frelimo para os entregar ao partido de Guebuza, a população ameaçou reagir violentamente e a operação foi suspensa. O assunto está no Tribunal Supremo mas este continua sem se pronunciar. O Tribunal Judicial da Província de Sofala, entretanto, decidiu agir de novo a partir de amanhã.


Beira (Canalmoz) - O Tribunal Judicial da Província de Sofala, na pessoa do Juiz de Direito Dr. Luís João de Deus Malauene, notificou o Conselho Municipal da Beira (CMB) por despacho que obriga esta edilidade a entregar de amanhã até quinta-feira desta semana 14 imóveis ao partido Frelimo, na sequência do litigio sobre os mesmos que opõe o Município e o “batuque e a maçaroca”, lá vão cerca de oito anos. Esta ordem influirá directamente na vida de 431.583 habitantes locais, que a partir de agora não terão mais onde tratar dos seus documentos. O facto preocupa o edil local, Daviz Simango, que desvaloriza a sentença executiva, acusando o TJPS de a ter feito sob ordens do “n´goma e a maçaroca” (FRELIMO), que “pretende usar estes imóveis para instalação de governo paralelo ao do Conselho Municipal da Beira”.
Refira-se que a Julho passado uma operação semelhante foi tentada pelo Tribunal mas devido à reacção violenta que a população ameaçava tomar tudo foi interrompido. Viveram-se na Beira momentos muito tensos. Com o Tribunal a notificar o CMB da execução da sentença, que o obrigava a entregar as referidas sedes a título provisório à Frelimo, sabido o CMB recorreu da mesma ao Tribunal Supremo, o ambiente de descontentamento popular colocou a Beira à mercê de confrontos. Prevaleceu o bom senso e tudo acalmou.
Em seu despacho o Juiz Malauene afirma agora que “a folhas 30 dos presentes autos veio o executado CMB interpor recurso de agravo, em virtude de não concordar com o despacho de 30 de Junho do corrente ano, que ordena a entrega dos imóveis constantes do requerimento inicial. Por despacho de 9 de Julho do corrente ano, constantes de folhas 31 dos autos, foi o recurso admitido e o recorrente notificado da admissão em 15 de Julho, como facilmente se depreende da certidão de notificação a folhas 34 dos autos. Acontece porém que apesar de devidamente notificado o recorrente não apresentou até aos dias de hoje as alegações de recurso, resultando por conseguinte que o prazo de oito dias para apresentação de tais alegações nos termos do artigo 743 nº1 do Código do Processo Civil expirou.”
Acrescenta o despacho que “assim, não tendo o recorrente apresentado as alegações de recurso, é inequívoco que o recurso interposto deve ser declarado deserto, nos termos do disposto no artigo 292 nº 1 do Código do Processo Civil. Por tudo exposto, declaro deserto o recurso interposto pelo recorrente a folhas 30 dos autos, nos termos do disposto nos artigos 22 nº 1 e 743 nº 1 do Código do Processo Civil”.
“Não conseguimos perceber o alcance do pedido do executado (CMB), quando ao terminar o requerimento em apreço pede que seja a execução suspensa, sendo facto que o mesmo anteriormente interpôs recurso do despacho que ordenou a entrega de imóveis, recurso esse que foi admitido, mas que o executado não apresentou as alegações do recurso, razão pela qual foi o mesmo declarado deserto. A reclamação em apreço do executado não passa de manobra dilatória do mesmo para retardar a entrega judicial dos imóveis, razão pela qual é a mesma indeferida”, refere o juiz.
O juiz em referência afirma ainda que a folhas 54 e 55 dos presentes autos o CMB requereu que fosse nomeado um perito que auxiliasse na identificação clara e segura dos imóveis objecto de execução, bem como que a diligência dos mesmos fosse adiada. “Se nos atentarmos ao requerimento em apreço ressalta-nos desde logo uma contradição que é feita pelo executado, pois não se percebe que peça a nomeação de perito para identificar os imóveis em causa nos presentes autos ao mesmo tempo diga que nenhum imóvel indicado na petição inicial está em seu poder. “Em relação a afirmação de que nenhum imóvel constante da petição inicial está em seu poder, a mesma é sintomática da falta de argumentos da executada para sustar a entrega dos imóveis a exequente, na medida em que se tais imóveis não estivessem na posse do executado, esse em nenhum momento iria deduzir embargos de oposição à presente execução, não iria deduzir o incidente de pagamento de caução 12/08 para evitar a entrega dos imóveis”, lê-se no mesmo despacho, que indefere o requerimento do CMB no que tange a nomeação de um perito e a suspensão de entrega judicial dos imóveis.

Daviz Simango diz que há mão da Frelimo no Tribunal

O presidente do CMB, Daviz Simango, reagiu ao tal despacho afirmando que “esta acção do Tribunal significa que o nosso tribunal continua sob influencia partidária com objectivos claros de a todo custo tentar eliminar e acabar com um politico, Daviz Simango, por detrás de um pretexto de desobediência ao tribunal. Mesmo este (tribunal) sabe muito bem das irregularidades deste processo e da decisão partidária que está tomar, favorável à Frelimo. O tribunal, a procuradoria, sobretudo esta, que se devia pronunciar, em torno de um bem comum da sociedade não o faz, e o tribunal limita-se a favorecer um particular, a Frelimo, em detrimento de uma população, em que mesmo eles precisam de serviços públicos”.
Já tivemos uma experiência de perseguição aquando da preparação das eleições de 2008, desde o Ministério da Administração Estatal às procuradorias aqui na cidade. Tentaram a todo o custo nos afastar de um processo democrático, mas nós continuaremos a dar o nosso máximo, até aos fins dos nossos dias, disse o edil ao Canalmoz.
“Toda a tentativa que esta autarquia fez junto ao tribunal foi pura e simplesmente recusada e indeferida. O Tribunal Supremo, como se não bastasse, continua mudo perante um processo que envolve cerca de 500 mil habitantes”, desabafou o edil.
“Nós na qualidade de eleitos e representantes desta população, continuaremos a trabalhar para o bem-estar desta comunidade, mesmo dos filhos e netos deles (e eles também). Haveremos de os servir, porque eles são munícipes, e merecem o devido tratamento como munícipes”.
“Tudo que a Frelimo tem estado a fazer”, diz Daviz Simango, “é uma estratégia visando desgastar a nossa imagem e sobretudo visando recuperar a cidade da Beira a todo o custo, nem que para tal implique banho de sangue ou a população seja desprovida de serviços públicos básicos, que é a função das sedes dos bairros”.
“Também esta situação reflecte um desespero de causa, pois no terreno eleitoral eles não conseguem levar a melhor sobre nós. Continuam a perder por via de voto, com foi em todas eleições”.
Daviz afirmou ainda que a Frelimo pretende utilizar aqueles imóveis para instalar o seu governo paralelo, visando afectar o funcionamento normal do Conselho Municipal da Beira e atrapalhar a vida dos munícipes. “Tem sido emitidos documentos às instituições utilizando o timbre da Frelimo”, afirmou para reforçar as suas convicções.

Daviz Simango condiciona deslocação à Alemanha

Daviz Simango deveria discursar esta terça-feira em Frankfurt, na Alemanha, num evento subordinado ao tema “Desenvolvimento e Cooperação Baseados em Valores”, mas a sua participação está condicionada a um encontro que manterá hoje com os seus colaboradores, como anunciou ontem ao Canalmoz. O referido evento deverá decorrer de 16 a 18 deste mês.
De Frankfurt, Daviz Simango rumaria a Paris, França, para contactos de pareceria com a Beira. Depois iria a Etiópia, para participar na semana da terceira reunião sobre a água em África.
Daviz Simango disse que vai ponderar se irá participar nos últimos eventos, facto de que depende o desenrolar dos acontecimentos no município de que ele é presidente.
O Canalmoz perguntou ao Edil da Beira se o CMB irá acatar o despacho do Tribunal. Daviz Simango nada adiantou.(Adelino Timóteo)

Fonte: Reflectindo citando CanalMoz (2010-11-10)

Nota Reflexiva: Alguem ja pensou no futuro politico do pais com Simango na Beira, e Dlakama em Nampula?

4 comentários:

V. Dias disse...

Chamuale,

Este País com estes senhores - gente com mandibulas caninas - nao vai a lado nenhum. Estão deixar o País em ruinas. Vao roubar tudo. Estou com pena das nossas crianças, vao herdar um País estagnado.

Zicomo

Isabel Filipe disse...

Parabéns pelo dia de hoje Joaquim.
Beijinhos

Unknown disse...

Ola Isabel Filipe,

Muito obrigado pelo carrinho. Outros.

Unknown disse...

E mesmo dificil compreender coisas da Justiça Moçambicana "muzais".